Bispo afirma que 48 obras do PAC afetam áreas indígenas
MAURÍCIO SIMIONATO
da Agência Folha, em Indaiatuba
JOSÉ EDUARDO RONDON
da Agência Folha
O bispo do Xingu (PA) e presidente do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), d. Erwin Krautler, 69, disse ontem durante a 47ª Assembleia Geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) que 48 obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do governo federal, afetam diretamente terras indígenas.
Segundo bispo, o PAC é "autoritário e arrogante", pois as populações atingidas não são ouvidas sobre as obras em tempo hábil. Além de falar sobre o tema em entrevista ontem, d. Erwin divulgou um texto intitulado "A igreja e os povos indígenas", no qual diz que os principais impactos causados são sociais e ambientais.
"São projetos de transformação de leitos de rios em hidrovias, de construção de usinas hidrelétricas, de utilização de terras indígenas para passagens de gasodutos, minerodutos e linhas de alta tensão", diz o texto do bispo, que anda escoltado por policiais no Xingu por estar ameaçado de morte.
Entre as obras com verbas do PAC citadas pelo bispo estão a Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, a Hidrelétrica de Estreito, nos Estados do Tocantins e Maranhão, e a transposição das águas do rio São Francisco, na região Nordeste.
Em outro levantamento divulgado pelo bispo, ele diz que, --no total-- incluindo obras do PAC e outras financiadas pela iniciativa privada e Estados, 450 empreendimentos afetam terras indígenas.
A reportagem procurou a Casa Civil, por meio da assessoria de imprensa, para que comentasse as declarações do religioso sobre as obras do PAC. Até as 19h de ontem isso não havia ocorrido.
fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u557095.shtml
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